Salman al-Khalifa é acusado de consentir com prisões e torturas de atletas no Bahrein (Foto: Olivier Morin/AFP) |
Organizações defensoras dos direitos humanos no Bahrein comemoraram nessa sexta-feira a derrota do presidente da Confederação Asiática de Futebol, xeque Salman bin Ebrahim al-Khalifa, na disputa pela chefia da Fifa. Membro da família real do país, Khalifa é acusado de ter consentido com casos de prisões arbitrárias e torturas contra atletas que protestaram há quatro anos pela democratização do país.
Após ser apontado como favorito, Khalifa recebeu 88 votos no segundo turno da eleição presidencial e foi superado pelo suíço-italiano Gianni Infantino, que teve 115 votos. Refugiados bareinitas que se concentravam do lado de fora da arena multiuso onde ocorria o Congresso Extraordinário da Fifa, na capital suíça de Zurique, receberam com festa o resultado. Os manifestantes carregavam cartazes com dizeres contrários a Khalifa e bandeiras do Bahrein.
A participação do dirigente na repressão aos ativistas teria ocorrido em meio aos protestos que sacudiram o país em 2011. Inspirados pelos levantes populares da Primavera Árabe, partidos de oposição foram às ruas para exigir a saída da dinastia que comanda o Bahrein há mais de 200 anos. A operação lançada pela monarquia para sufocar as manifestações deixou ao menos 89 mortos e levou mais de 1.200 à prisão.
Então chefiada por Khalifa, a federação de futebol do Bahrein disse que agiria contra todos os esportistas que haviam participado dos protestos. Com a direção do dirigente, um comitê especial foi criado na época para que os atletas fossem identificados e punidos por sua atuação nas manifestações. Acredita-se que cerca de 150 atletas foram identificados e sancionados pelo comitê, sendo que muitos foram expostos a torturas durante o período de detenção.
Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, em dezembro do ano passado, Khalifa negou as acusações ao dizer que o comitê não havia tomado nenhuma ação legal. No entanto, Sayed Ahmed Alwadaei, diretor de advocacia no Instituto do Bahrein por Direitos e Democracia (Bird, na sigla em inglês), afirmou que a organização da qual faz parte continuará pressionando as autoridades internacionais para que Khalifa seja investigado. Estima-se que ao menos 79 esportistas seguem presos no país.
“Enquanto muitas das vítimas de violação de direitos no Bahrein estão contentes com a derrota do xeque Salman, nós continuaremos pressionado por investigações sobre os abusos. Ele ainda é o presidente do futebol asiático e, até responder pelos atos e ser questionado, ele continuará menosprezando os direitos humanos e a transparência na Fifa e no Bahrein. Se ele tiver coragem, deixem que ele peça a libertação dos atletas que ainda são prisioneiros no Bahrein”, afirmou Alwadaei.
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