O pacote de reformas da Fifa foi aprovado por representantes de 179 federações de futebol (Foto: Fabrice Coffrini/AFP) |
Representantes de 179 federações de futebol aprovaram nessa sexta-feira um pacote de reformas para aumentar a transparência administrativa na Fifa. O aval para a implementação das medidas apresentadas pelo presidente interino Issa Hayatou ocorreu durante o Congresso Extraordinário que definirá o novo mandatário da entidade. Entre as normas aprovadas estão a extinção do Comitê Executivo e a imposição de um limite de 12 anos para os mandatos de presidentes, conselheiros e do secretário-geral. Vinte e dois dirigentes votaram contra o pacote.
A imposição de um limite para presidentes permanecerem no poder é importante para diminuir a influência política de dirigentes na entidade. Joseph Blatter, suspenso por dois anos pelo Comitê de Ética por irregularidades administrativas, exerceu mandato na chefia da Fifa por 18 anos. O brasileiro João Havelange, antecessor do suíço, ficou 24 anos no poder.
Conhecido pelas décadas de escândalos envolvendo subornos e intrigas políticas, o Comitê Executivo dará lugar a um novo organismo chamado de Conselho Fifa. O número de assentos será ampliado de 25 para 36, sendo que será obrigatória a presença de seis mulheres – uma por continente. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o brasileiro Fernando Sarney seguirá desempenhando função no órgão. Ele assumiu o posto após a saída de Marco Polo Del Nero, presidente licenciado da CBF que é investigado pela Fifa e pelo FBI (polícia federal norte-americana) por envolvimento em esquemas de corrupção.
Também foi aprovada a publicação anual dos salários recebidos pelos membros do novo conselho, assim como os vencimentos do presidente e do secretário-geral. Outra importante medida diz respeito à redução dos 26 comitês permanentes da entidade para apenas nove. Textos exigindo garantias à proteção dos direitos humanos e maior transparência foram outros a receber o aval dos representantes das federações.
As reformas são uma resposta da Fifa às autoridades dos Estados Unidos que investigam dirigentes do alto escalão da entidade por corrupção. Após aprovar as normas, o Congresso fez uma pausa para que os representantes pudessem almoçar. A eleição do novo presidente terá início assim que os trabalhos forem retomados.
Dívida – O secretário-geral interino da Fifa, Markus Kattner, afirmou durante o Congresso que a entidade enfrentará um déficit orçamentário de US$ 550 milhões (R$ 2,1 bilhões) entre os anos de 2015 e 2018. Desde maio, quando o FBI deu início à prisão de dirigentes por corrupção, a Fifa tem gasto US$ 10 milhões (R$ 39,9 milhões) mensais com ações judiciais. Kattner assumiu o posto após seu antecessor, Jérôme Valcke, ter sido demitido por conta de um envolvimento em atividades ilícitas. Valcke foi banido do futebol por oito anos pelo Comitê de Ética.
Suspensão – Foram mantidas nessa sexta-feira as suspensões impostas às federações do Kuwait e Indonésia, o que impede os representantes dos dois países asiáticos de votarem no Congresso. Com isso, o número de votos para eleger o presidente em um segundo turno será de 104. A agência France-Presse ressaltou que a decisão é um revés para o candidato Salman bin Ebrahim al-Khalifa, cujo apoio está concentrado na Ásia. Ele é presidente da confederação de futebol daquele continente.
O Kuwait foi suspenso das atividades da Fifa no dia 16 de outubro de 2015 por ingerências políticas no funcionamento da entidade. A Indonésia foi punida pelos mesmos motivos no mês de maio.
Gafes – Apesar de reunir dirigentes ligados ao futebol mundial, o Congresso da Fifa teve início com duas gafes. A falta de conhecimento entre alguns dos representantes ficou evidente durante os testes das urnas eletrônicas que computarão os votos na cerimônia, os quais foram feitos com perguntas relativas à Copa do Mundo.
Os representantes foram perguntados em um primeiro momento se a Argentina havia vencido a final do Mundial de 2014. Nove representantes apertaram o botão ‘Sim’, o que provocou risos entre os presentes – a Alemanha foi a campeã da competição. Outra pergunta questionava se o torneio de seleções de 2018 será realizado na Rússia. Novamente, 11 dirigentes responderam errado e apertaram a opção ‘Não’.
Fonte: Gazeta Esportiva Fonte da Foto: Fabrici Colfrini/AFP
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