Gravidez na adolescência pode interromper ciclo evolutivo das meninas

A evolução física, emocional e social da adolescente pode ser interrompida com uma gravidez não planejada. No corpo, as modificações são produzidas pelos hormônios, enquanto no campo das emoções as mudanças são acarretadas pelo ônus da responsabilidade com outra vida, embora a sua própria ainda esteja na fase de transição entre a infância e a vida adulta. No âmbito social há o risco de a adolescente abandonar projetos de futuro, como a formação escolar e acadêmica, bem como deixar o convívio com pessoas da mesma faixa etária.

A psiquiatra da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Ana Angélica Salmeron Menezes, enfatizou que a adolescência vai dos 12 aos 18 anos, embora, em se tratando do desenvolvimento de personalidade social, principalmente, o ciclo pode ir até os 22 a 25 anos. “É uma fase de muitas modificações do ponto de vista físico, mental, social, de aquisição de conhecimento e de mudanças para a vida futura. A adolescência é uma fase indefinida, indeterminada, não completada, com muito ainda para evoluir. Por isso, a gravidez nessa etapa pode interromper ou atropelar o desenvolvimento da garota”, avalia.

Ana Salmeron pontua que há muitas desvantagens em uma gravidez na adolescência, uma vez que, ao invés de se preparar para o futuro, ao engravidar ela passa a ser responsável por outra pessoa, quando ainda não é independente e capaz de assumir os seus próprios compromissos. Segundo ela, é essencial que uma rede de apoio familiar seja construída em torno da adolescente para auxiliá-la não só nas tarefas, quanto nas orientações em relação ao bebê, bem como no campo emocional.

Na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, a psiquiatria atua orientando as adolescentes a não abandonarem os projetos de vida futuros. “Aqui trabalhamos com elas para que não interrompam o que vinha sendo planejando ou que foi orientado pela família, que não desistam daquilo que elas necessitam para o futuro, para estar com a vida mais organizada, mais satisfatória, que possa dar melhores condições para elas próprias e para a família”, informa.

A psiquiatra relata que tem observado que a faixa etária de gravidez na adolescência está um pouco mais alta. Lembra que há alguns anos a idade das meninas variava entre 12 a 15 anos, mas que atualmente gira em torno dos 17 a 19 ano. Ana Salmeron ressalta que muitas garotas estão na escola, cursando as últimas séries do ensino fundamental.

Em 2022, a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes registrou 575 partos de adolescentes, número que pode cair com ações preventivas, segundo alerta a psiquiatra, sugerindo a adoção em casa e na escola da educação sexual. “A ideia é fazer com que cada pessoa conheça o seu corpo, as modificações que sofre e do que pode ocorrer a partir da maturidade. Por outro lado, as unidades de saúde podem trabalhar essa temática com grupos de adolescentes e, no campo da cultura e do esporte, é possível envolvê-los e integrá-los em programas criativos, como teatro, música, pintura e atividades esportivas”, orienta.


Fonte e Foto: Agencia Sergipe